sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

All we need is love

Lendo O filho eterno do Tezza, eu tive uma noção mais clara (que na verdade, acho que sempre tive) do quanto algumas das nossas atitudes soam falso, são pura imitação social (no livro essa imitação fica visível no Felipe, o filho dele com síndrome de down). Eu sou também uma pessoa meio inábil com sociabilidade. Quando enturmada sou muito falante, expansiva, gosto de mostrar "quem eu sou". Mas em convívios forçados, com estranhos, encontros marcados, eu sinto o ridículo falso que é a atitude de dar beijinhos, abraços, se apresentar, conversar... É tão claro que aquilo é apenas réplica! E eu, por vergonha perante mim mesma, aceito a contragosto participar do teatro, dou um beijo, mas ele é quase arrancado, dou um tchauzinho encabulado pra não ter que me confrontar com todos, sou uma autista social por puro orgulho bobo e autocrítica. No entanto, assim como o Felipe, quando o meu sentimento é verdadeiro, a representação cultural dele se justifica. Um abraço, um beijo... eu sou muito carinhosa, entregue. Porque por mais que um abraço e um beijo não passem também de aprendizado cultural, ou seja, também sejam imitação, aquela reação aparentemente é uma verdade transcendente, independente de qualquer cultura.
E o carinho, o sentimento de apego não é a coisa mais real do mundo? Você pode mamar por puro instinto, mas por que você pega e aperta o dedo do pai, coloca a mão sobre o seio da mãe, gosta de ser embalado? O sentimento sempre justifica os meios, parece. Abraçar pode ser só cultural, mas o sentimento precisa ser transmitido de alguma forma, então você sabe que abraçar irá deslocar essa energia para o ente querido. Podia, talvez, ser um cuspe na cara, um aperto de bunda uma demonstração de afeto. Mas nem por isso seria menos real, porque o sentimento é real. É, as vezes as coisas mais reais precedem o ato. E o justificam.
Por que digo isso? Porque assim como os Beatles e a Djuli eu sou uma aspirante a amor. Pra mim All I need is love. Claro que quero ter uma carreira, comer bem, ter dinheiro pras coisas que quero, saber muito e ser importante ou útil em alguma coisa. Mas tudo isso é secundário. Por trás de tudo isso está um instinto de sobrevivência ali, um desejo de auto-afirmação acolá, um aprendizado cultural no meio. Mas o amor, pra mim, é a única coisa que transcende uma explicação, que é mais puro.
Claro, há falhas no meu argumento, mas eu gosto dele e o mantenho u.u

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