domingo, 22 de fevereiro de 2015

Sentido

Talvez seja um problema meu ou da mente humana que não pode viver sem Deus.
Morto Deus sobra nós - certa megalomania ou narcisismo, pois Deuses têm poder sobre o mundo, têm controle. A gente é parte do mundo, a gente é nada.
A vida inteira a gente sofre na busca de sentido. Ou na tentativa de ignorar que não há nenhum sentido.
Aqueles que não têm coragem de enfrentar a morte em vida - ou a morte na morte -, (incluo eu), tentam se apegar a qualquer resposta ou auto-engano. Mudo eu, mudo os outros, mudo o mundo, amo... tudo o que puder me aderir ao mundo e fazer parte dele. Mesmo que tudo indique que o melhor seria desistir.
Qual o sentido de viver a dor? A alegria compensa a dor? A efemeridade, a curteza de tudo isso... e tanta dor, tanta dor.
A gente enche a cabeça de motivação, a gente se entope de mundo. Pra não encarar que a gente vai sofrer, nada fará assim muita diferença e a gente vai morrer e o mundo continuará girando. Não que eu queira que ele pare porque eu morri! Mas nada faz diferença. A dor está lá e você pode abafar os gritos. Mas vai tudo continuando... e você se convence que se a gente tiver um mundo ideal... sem injustiças... Mas, veja só, no mundo ideal as pessoas se matam de tédio.
A arte. Você pensa na arte. Mas a arte é tão dolorosa... Outro artifício, auto-engano de gente que recusa a morte. A morte ta ali mesmo assim.
Eu queria uma desculpa para não ser hedonista. Mas não tem. A única coisa é que o prazer é curto e inútil e esconde uma dor que grita no seu ouvido o tempo todo, você tenta se distrair e ela chamando sua atenção. O hedonismo é desistir e esperar morrer. E dói. Mas é o que sobra. É o que tem.
Sobra rir cínica. Ver todo mundo correr enquanto estou parada. E ter prazer nessa ridícula vaidade. Enquanto der. E gozar com minha dor. E morrer quando for pra morrer.

Um comentário:

Leonardo Hutamárty disse...

Olá, eu adorei esse seu texto. Me identifiquei muito com o pessimismo!