sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

Don't analyze

Por um momento eu pensei que deveria, seria bom que eu morresse... pouco depois me assustei porque faz tempo não sinto isso. Não é também bem isso, quem iria entender? Mas me sinto imprópria pra viver, e é bem isso. Talvez – e é –, seja simplesmente porque me criaram pra ser assim, mas me sinto e sou sempre tão insegura, tão vulnerável e viciosamente me acomodo a sustentar minha fraqueza pela própria fraqueza. Se sou insegura ou não, tão imbecil que sou, é por isso. Não faço amigos com facilidade, pra uns eu levo a vida sério demais, ou por esse ou aquele defeito... e eu me sinto sempre injustiçada. Mas se sou eu a única que continua só de quem é a culpa? Ou eu falo demais, ou falo pouco demais, de tão crítica me calo quando alguém me parece idiota, ou quando alguém me parece superior. E me calo talvez porque me assuste ao ver que nem sempre somos iguais como eu gostaria... Todo mundo deve passar por isso, mas o meu erro é justamente não enxergar... todos parecem tão mais sabidos das regras de boas maneiras, coisa que eu nem sei onde aprender de tão estranha para o mundo. E isso é meu orgulho e minha inferioridade. Eu me sustento, eu digo.
Tenho medo de sair sozinha e cair na rua sem alguém ou um rumo pra tomar que me ampare. Não vejo necessidade, nem tenho a capacidade pra isso. O defeito maior é me sentir incapacitada pra tudo. Justamente também porque não me esforço. Também por causa disso.
Se eu chorasse para o Daniel me pareceria uma nota fora do compasso, assim também é quando escrevo agora, deixando ele de lado porque preciso escrever como se eu estivesse forjando uma novela de a escritora problemática. Eu me fodo pelas aparências, e me choco se for aparentar... e por isso projeto aparências falsas. Porque algumas verdadeiras pareceriam falsas. Sou tão ingênua que até pra matar minha ingenuidade ajo ingenuamente.
Eu queria ser a amiga de uma porção de amigos, viver a vida intensamente. Não pra manter aparências falsas como tantos outros que, como eu, vivem desajustados e mentem. Quem é assim não precisa pôr cartazes, é coisa natural. Sempre achei que quem diz que a vida não deve ser levada a sério diz isso porque a leva assim, senão não chegaria a essa opinião sozinho. E eu ainda estou desajustada, eu ainda me sinto presa dentro de um sonho que eu não sei bem a moda que devo seguir e acabo indo ao velório nua. É sempre assim e eu retiro as roupas dos outros pra entender “por que essa, essa, essa e essa tribo?”, e a qual delas minha opinião se encaixa? E se não quero que seja de nenhuma, se alguma for eu engulo.
Eu vivo séria demais, sempre me perguntando se estou feliz ou triste, nunca entendendo os meio-termos ou me dando por satisfeita por outros assuntos. Disse as cartas, hoje mesmo – não me perguntem de onde tirei esse misticismo – que pra ser escritora deveria ser menos crítica, sempre achei isso... Mas eu não consigo, eu não era assim, mas de tanto, tanto, tanto que tentaram me rotular, criticar, a vida toda, é minha defesa saber os trunfos do inimigo. Me tornei o inimigo. E daí que eu mesma me torno meu monstro.
Eu queria retirar esse blog do ar, os comentários... nem sei bem o que eu queria fazer. Me chamem de paranóica, ultimamente tenho percebido que cada vez estou mais sim, mas tudo o que escrevo agora é com medo das mesmas críticas, os mesmos rótulos.
No caso desse texto seria: um clichê, um suspiro emo-adolescente, um texto de “olha-eu-aqui como sou marginal”... tantas coisas. E eu só queria que entendessem, todo mundo, que me critica, o tempo todo e esperam algo de mim que não é isso, sou só eu, a minha vida, minha expressão, por que eu me sinto tão sufocada por tão pouco? Eu queria parar de classificar. E todo dia que abro a caixinha de comentários me apavoro porque vão dizer coisas, talvez verdades, mas que eu estou cansada de me ouvir e de me justificar. (Não sei de onde tiro essas idéias, nenhum de vocês me criticaram até agora desse jeito (talvez porque eu mesma faça isso comigo e com os outros)).
Mas, o que quer que estejam pensando, eu não sou isso. Daqui pra frente lembrem-se disso.

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