sábado, 13 de maio de 2006

Minha velha infância

Velhas questões clichês que nunca morrem:
Mesmo tudo sendo insignificante eu continuo me preocupando. Por que eu não me mato e mando pro inferno os que se importam? Afinal eles, a dor deles, também irão morrer.
Por que em vez de estudar eu não escrevo, se estudo para escrever?
Por que eu não deito, durmo e me jogo de um penhasco pendurada por um fio de nylon só por diversão? Se é fato que eu vou morrer, e eu odiaria morrer em um dia de semana às 18h, um dia antes de receber meu salário - ha ha ha.

Ontem, deitada, eu pensava na minha infância, de como eu não entendia palavras que eu categorizava como adultas: currículo, salário, conta corrente, Ministério da Fazenda, vereador... E pensava que nunca iria aprender, afinal eu não fazia parte daquela magia que os adultos pareciam usar que era a de nascer sabendo e nunca perguntar. Pelo menos parecia impossível que eu um dia iria perguntar o que era érreagá, porque a palavra parecia ter um sentido em si mesma, o de proporcionar aquela seriedade de ruga na testa. Às vezes eu pensava que tudo não passava de uma brincadeira, de uma mentirinha em grande escala, que todos compartilhavam... e eu acho que eu ainda penso assim. Será que a gente não está fazendo isso porque fomos ensinados a virar adultos e adulto significa isso? Será que não somos responsáveis porque a responsabilidade é um ritual milenar, apenas?
Por isso que eu sou a favor do abuso sexual, da prostituição, do espancamento e do trabalho infantil. Assim a gente ensina bem mais prática e rapidamente a elas o que é ser adulto! E elas não se questionariam nem pensariam em hipóteses de brincadeiras.

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