quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Querido diário,

Estou, depois de 2 anos morando junto com o Dããniel, voltando pra uma pensão. E já que expliquei isso pra todo mundo umas cem vezes – sempre na defensiva atitude de “não, não estamos nos deixando” – devo explicar pra você também. Dizer isso sempre dá desconfiança nas pessoas. Nunca acreditam que ainda namoramos. Isso me dá raiva, raiva, raiva. A maioria das pessoas estão condicionadas pelas malditas novelas, malditas religiões, malditos costumes sociais que diz que:
Artigo 1 parágrafo primeiro: pessoas que se amam muito, depois de um prazo indeterminado só se vendo de vez em quando, tendem a juntar-se num mesmo lar. Se não fazem isso, a relação não tem “futuro”.
Parágrafo último: Caso os seres se juntem, isso quer dizer que se amam. Se se separam novamente, não se amam mais.
Sendo assim, nada faz uma pessoa acreditar que eu possa querer morar sozinha por outro motivo, simplesmente inconcebível na cabecinha da maioria dos mortais.
No entanto, até que no começo eu concordava que devíamos ficar juntos até que a morte nos separasse, mas foi até que o Dã me forçou a considerar uma pensão. Depois de considerar, eu passei a desejar como única alternativa. Porque 1- morando com ele eu não tinha “privacidade” suficiente pra escrever. 2- morando com ele eu me sentia muitas vezes entediada. 3- morando com ele ou sem ele, eu ainda continuaria o amando... aliás, o que amor tem a ver com casa?
Daí a razão verdadeira de eu estar escrevendo agora. Porque 1- realmente, às vezes me sinto muito sozinha, mas logo penso “estou aqui pra isso, eu tenho que me sentir extremamente sozinha ao ponto de precisar falar com as paredes...” afinal isso no meu caso é escrever, escrevendo eu converso com ninguém e todo mundo. Porém, 2- eu vim aqui também pra fazer novas amizades e ser feliz e saltitante, nunca entediada. Logo, estou no meio dos extremos.
Acabo por só ficar na solidão mesmo. Porque, de qualquer forma, ela é mais cômoda. Porque também estou numa ala só de meninas, e bem restrita, e eu não tenho muita empatia com meninas – elas são mantenedoras da ordem social e geralmente são mais burras.
Bastam meus amigos de trabalho.
E conste aqui que eu preciso continuar escrevendo. Se algum dia eu posso ter tido algum talento criado a muito custo, porra, perdê-lo assim à toa é no mínimo frustrante – nem acho palavras pra isso, mas é o mesmo que criar um castelo de cartas difícil e bonito e logo depois soprar.

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