Devido ao fato de não gostar de incomodar, sempre fui muito presa. Presa pelo que o outro pensa, pelo que o outro vai pensar, pelo que o outro quer.
Lição número um que aprendi com o grande fato recente: ser mais egoísta não é nenhum mal, pelo contrário. Devemos desejar nada mais que nosso bem e felicidade, oras, então como vamos guiar nossas ações em conseqüência de outros? Não, não faz sentido. É que eu achava, eu sei, que se levasse em conta outros, outros me levariam em conta e daí... Mas e daí nada. Nada melhor que a gente tomando conta da nossa própria felicidade. Não é a gente que sabe em melhores detalhes do que a gente tem vontade?
Então, continuando com essa lição, não vou mais me importar tanto com os sentimentos dos outros. Ta, não vou ser psicopata, nada disso, apenas vou pensar em mim e ponto. Se morrer na solidão completa, sem filhos pra transmitir o legado de nossa miséria, que pelo menos tenha sido feliz, até melhor. Pode ser que eu prefira, é verdade, amores bem estruturados – conhecer bem as pessoas, a segurança de saber o que a pessoa pensa, não ter que lidar com pudores ou surpresas. Não minto, eu detesto ter de conhecer gente nova e lidar com todas as burocracias do percurso. Mas antes isso, do que mal acompanhada. Antes lidar com essas coisinhas bobas, que me conformar com as coisas só porque são “estáveis”. Embora estabilidade seja muito tentadora, não é nada desafiadora.
Entre outras coisas, lição 2, gosto de estar sozinha, sozinha mesmo. Do meu canto só pra mim, do meu rosto só pra mim, das minhas atitudes só pra mim. Assim me conheço de fato, assim me amo de fato. É tranqüilo ter a mim ao lado. É divertido e bom ter outras pessoas ao lado. Indispensável, é claro, pra que haja depois a minha tranqüilidade. Auto-suficiência total – ainda duvido disso (não teria chegado a esse consenso interior se não tivesse alguém por trás de tudo me apoiando, ajudando ou escutando de fato). Mas eu, eu com minhas coisas, poder escolher quando vou ficar só, isso é muito bom. Não que eu despreze o que tenha vivido com o Dã, ou minha ex-vida de casada. Ela me estagnava em muitos pontos, isso é uma grande verdade. Mas não é tudo. Viver junto é bom sim, principalmente quando se tem muita intimidade. Mas, pensar bem antes. Ter um espaço só meu também é bom.
Não, não tenho do que me arrepender. Não vou dizer que foi um erro nada disso. Não, não foi. Mas teria sido ruim se não tivesse vislumbrado a liberdade depois disso? Ah, sim, que bom que houve fim. Que bom que as coisas acabam – mesmo que dolorosamente. Que bom que pelo menos a dor ensina a... não a viver, isso seria um motivo muito fraco pra sofrer, mas a sentir-se bem melhor depois.
Ta, a vida continua sendo idiota, imbecil – meu deus, pra quê viver? ^^. Mas pelo menos posso lidar bem com isso de novo, pensando em me matar com mais seriedade, sem fazer nada. Melhor que tentar me matar de fato e ver que não é o que quero. Saber que quero e não fazer. Por que eu quero me matar? Por que, apesar de tudo, eu continuo deprê? Meu deus, nem deus sabe...! Deve ser porque não acho motivos, simplesmente por isso. Tudo muito certo, tudo muito bem. Só faltam os motivos. Estou andando, andando com meu mp4 tocando músicas muito gostosas. Mas sem destino algum. Se fosse só isso... não, não é só isso. No percurso acho todas as pessoas a minha volta muito angustiadas, angustiadas como eu: o cansaço de andar pra lugar algum feito baratas tontas em cenários nem sempre agradáveis. Às vezes cenários agradabilíssimos. É, o pior problema é a falta de rumo. O que importa é que, no fim, conheceremos deus com corpos tonificados e sem 1 grama de gordura – tudo o que deus queria.
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