Agora mudei minha idéia quanto a gravar uma aula do Benito, quero gravar uma aula de Antropologia do Estado. O que me impediu de fazer isso hoje eu não sei se foi o fato de duvidar que meu mp4 conseguisse pegar o tom de voz da professora ou se foi a preguiça só de pensar em apertar alguns botões. Sim, seria ótimo gravar a voz dela, outro dia vi um cd na farmácia que era para insônia. Certeza que um cd com aulas de Antropologia do Estado e Benito seriam a dupla perfeita para curar esse mal.
O pior é que, quando estou do lado de uma cama, nada me confere sono, pelo contrário. Primeira coisa boa é que eu moro na frente de um estacionamento/mecânica que lava com vap fortíssimo o capô do carro. Pior que isso, só o barulho doce e tranqüilo do trem passando perto da casa do Eros. Mas, pelo menos, o trem passa rápido. Aqui não, eles lavam a droga do carro durante horas e horas... quando não é isso, eles forçam, forçam, forçam o motor do carro que faz um barulho ensurdecedor e solta uma fumaça maravilhosa. Isso sem contar que a delicadeza e bom senso dos trabalhadores do estacionamento que, enquanto me vêem desfrutando da minha privacidade, me dão tchauzinhos calorosos. Mas a pior parte, a pior mesmo, é a música sertaneja o dia todo (que é desligada só para que o crentino que trabalha lá fique assobiando hinos da igreja da minha mãe).
Então cá estou eu, depois de horas tentando me manter acordada numa aula inútil, despertíssima ouvindo o suave som de Deftones no último volume pra não ter que escutar todas as atividades do estacionamento.
Li hoje uma parte do Quarup um pensamento da Sônia, a bonita descendente de russos, sobre homens que bem traduziria o clichê tão combatido de uns posts atrás. Mas eu achei realmente interessante que um escritor homem soubesse tão bem o que se passa na cabeça de uma mulher quando se cansa da idiotice de alguns homens. É assim:
“(...)Sônia saiu andando na frente, sozinha, puta da vida, não tanto porque se fosse o Ministro ou viesse o Falua e ficasse o Ramiro mas com o sexo masculino em geral. O troço enche. Homem enche. Sem homem naturalmente o mundo seria uma droga. Mas por que é que homem não havia de ser surdo-mudo, cego, debilóide e bonitão? Cabeça de homem só tem cocô. Só tem mulher, mulher, ciúme, ciúme. Donos da gente. E como eles exageram, nossa! Parece que só tem no mundo história de trepar quando às vezes palavra que eu acho um cozido muito melhor. Completo. Ou tão bom. Hum, muita carne fresca, lingüiça, batata-doce, repolho, ovo, cebola inteira, banana. (...)”
Eu achei engraçada a parte do cozido. Eu gosto da Sônia.
Dono do estacionamento se dirige a uma cliente: “está sentindo esse cheiro suave de flor? Essa flor se chama dama-da-noite. Tem ali e ali (aponta os dois lados da minha janela)”. Fico pensando, quem não sabe o que é uma dama-da-noite, ou qual o cheiro de uma? É, eu sou uma privilegiada. Agraciada pela sapiência do dono do estacionamento e pelo cheiro às vezes enjoativo (suave!) das damas-da-noite.
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