quarta-feira, 19 de julho de 2006

Um jogo qualquer do brasil me inspirou a escrever isso

- Oi, meu nome é Martha.
É sempre o primeiro nome que me ocorre. E sei lá por que me lembra tomate. Talvez porque além de lembrar "massa", o t lembra um pouco o tanto de t que tem em tomate.
- Eu sou Martha e sou humana. Que isso quer dizer? Quer dizer que eu não sou só um bichinho qualquer, que vive por viver, ah isso não!, posso dar qualquer resposta, menos essa, para o que eu sou. E mesmo que eu diga o contrário seria tentando, aliás, e isso é um paradoxo bem típico do qual eu pouco falo mas eu sei e acho que toda vez que virem, lerem ou me ouvirem vão ver junto comigo - depois eu digo que ninguém me entende, mas também espero que leiam a mente, ou a mensagem subliminar surda cega muda -, bom... onde eu estava? Hum, dizer que eu sou só mais um bichinho é também uma vontade de transcender o meu ser apenas bichinho, então eu sou apenas um bichinho - e que tenta transcender este apenas bichinho que sou. Portanto, nós humanos não somos só bichinhos, produzimos coisas diferentes, fazemos arte, praticamos esportes, pulamos mais alto, corremos mais rápido, ganhamos, somos mais fortes, sempre transcendendo, mesmo a nós próprios. E eu como sou humano também me transcendo, só não sei se com arte ou esporte, não sei como deveria chamar. Mas é incrível, pouca gente dá valor, mas eu sei que é uma das façanhas mais difíceis. A coisa é: eu não mastigo bala.
Pronto, agora vocês sabem quem é Martha, por ela mesma. Não que eu ache que Martha diria todas essas coisas assim, desse jeitinho, digamos que a voz da fala dela vinha direto do vago do cérebro. Afinal ela não necessariamente tem essa mesma opinião sobre o que é ser humano, é muita filosofice pra uma menininha só, ela nem acredita tanto no seu alto potencial como não-mastigadora de bala, ela acredita no valor disso, mas não a ponto de dizer em voz alta, não com toda essa explicação chata, chata, chata, que só poderia vir de mim, a narradora chata. Mas ela, enfim, não mastiga bala e coisas afins e tira proveito disso, como boa desportista.
Sim, e vocês devem pensar que isso é fácil, ainda mais se pensarem em balas duras, que são as mais simples, claro. Agora vamos aos níveis de dificuldade, da mais fácil pra mais difícil: começa a piorar quando a bala dura tem recheio, depois vem, é claro, as mastigáveis, e depois então a bala de banana que é, não se pode discutir, a mais difícil. Martha já passou um dia inteiro com uma única bala de bananada na boca. Temos também as categorias não-bala, ou doce fronteiriço à bala: jujuba, confete, e já que falei de confete, por que não chocolate?
Martha é uma dessas muitas brasileiras que não tem seu talento reconhecido por ser mulher, e por ser ofuscada pela mania do futebol.
Não, não... a verdade é que Martha só ia ser uma das muitas personagens importantes de uma história que não sei ainda qual é. Aliás, que não pretendo que seja bom, seria meu modo de transcender chupando bala também. O que define a importância das coisas senão uma luta de classes? – ahá! Saber deixa pessoas chatas mais chatas.

Quem não sabe?
Não tenho idéia alguma. Não tenho vontade de ter.

Nenhum comentário: