domingo, 17 de fevereiro de 2008

Ausência

Não é sobre o amor de uma determinada pessoa. É sobre nunca ser amada o suficiente.
É estranho, não consigo pensar numa vida sem isso.
Agora eu vejo que nunca fui autodestrutiva, eu sempre tentei ser feliz, acionei todas as alternativas.
Só não quero ser culpada por isso, por falta de qualquer coisa, pois quando disseram que eu não tinha X ou Y suficiente pra viver, eu fui em busca... eu me tornei uma pessoa quase perfeita em busca de aceitação. Eu cheguei a amar a mim mesma, não digam que não. Se não amasse, não teria tentado tanto. Se não me amasse, que importaria sofrer?
Quem também se importará com o que qualquer um pensa depois...?
Será que vão pensar muito? Não vão. Isso é que é o chato. Antes eu podia pensar: minha vida é importante pra alguém.
E ser importante pra alguém, ter alguém importante pra si, pra mim, é a base de todas as outras coisas. Ter alguém pra contar à noite como foi meu dia. Mesmo os mais solitários devem acreditar no amor de Deus por eles.
Pergunta que não me foge: é possível viver sem ter ou sentir qualquer amor? Até animais e plantas morrem por falta de carinho.
Vou ter momentos de completa solidão e não vou saber pra que tudo isso. E não sentirei nada além de auto-compaixão. E irei viver como uma completa hedonista, sem nunca me preencher com nada, contar apenas com a minha forma falsa no espelho e com as minhas próprias palavras que só vão rebater e mais nada.
Pra que vou tentar consertar o mundo se sinto que ele todo é infeliz e solitário? E por mais que conserte, se quanto a isso não posso fazer nada? Pra que vou consertar o mundo se o mundo é triste? Se o mundo não vai me dar nada em troca? Não sou mártir. Não gosto de sofrer. Não sou altruísta a esse ponto. Nem autômata.

Nenhum comentário: