domingo, 5 de outubro de 2008

Sem Título número 4

Penso em me matar das mais diversas maneiras – pulando da janela, no ar fresco; penso no gás e me lembro da história que a prof. Rosi me contou do menino que tentou se suicidar pela terceira vez com o tubo do gás direto na boca e um saco plástico na cabeça, que loucura! – e conseguiu; cortando os pulsos, entrando na água quentinha; tomando uma overdose de remédios – e sinto sede. A única coisa que me pára, além do Eros – e será que o Eros me impede totalmente? – é pensar que pode ser só impressão minha que o mundo seja tão insuportável. E fico pensando no menino que se matou na terceira tentativa, que ele devia ter muita certeza do que queria e pra ter tanta certeza ele sabia que não se arrependeria. Bom, é óbvio que depois de morto a gente não se arrepende de nada, isso é claro, mas... e se a vida, no fundo, for boa e eu estiver errada, desperdiçando os meus dias felizes por um erro de perspectiva? É isso o que penso tomando antidepressivo.
De qualquer forma, é difícil acreditar que possa haver luz no fim do túnel quando todos dizem que essa coisa de antidepressivo é ilusória – pois não é estranho um remédio pra infelicidade? No entanto, antes de ter certeza do que faço, eu preciso ter certeza de que tentei tudo – de que tentei amar, de que tentei seguir meus impulsos bons, de que tentei ser mais forte e resistente, de que tentei regular meus pensamentos para que eles me levassem para o lado bom... E eu amo e sou amada, tenho uma casa melhor, um serviço melhor com crianças! É... mas não se vai embora a angústia, ela é adiada por alguns momentos de intensa novidade e... de esperança! Mas então eu noto que não dá pra correr de mim mesma, que está além do meu controle às vezes acordar e voltar a dormir de propósito – por fuga e não por sono! – e eu então realizo que não há nada no mundo, a não ser a possibilidade de eu estar de fato defeituosa e doente e com perspectiva então de poder me curar, que explique isso.
Ainda por cima, a coisa mais bizarra que poderia acontecer nas reações adversas de um remédio aconteceu. Fico pensando em sexo o tempo todo numa excitação quase interminável, mas tão intensa e tão interminável que nunca é saciada no ápice do gozo. Não há ápice, apenas a constante voracidade insaciável. Como vou explicar pro médico que só visitei uma vez por alguns minutos que o remédio que ele me deu só me fez virar ninfomaníaca? Primeiro contando pra todos (que não é muito, pelo menos) que visitam meu blog, claro, o mais sensato a se fazer... ainda assim, dizer por escrito pra pessoas que na minha cabeça são imaginárias não causa o mesmo impacto que um médico totalmente estranho que estarei vendo na minha frente.
Eu não estou também incuravelmente triste, não é exatamente triste o adjetivo. Eu estou... angustiada, talvez? Provavelmente. Nada me desperta vontade – além do Eros – nem mesmo escrever – abre-se agora uma exceção. Talvez ler, talvez sentir um pouco de sombra e vento, mas é como se tudo tocasse minha pele e minha mente estivesse dispersa ou tomada por uma massaroca sem gosto... é, é mais ou menos isso. Talvez eu procure coisas que despertem minha mente, nem que seja a raiva dos outros por mim, acho que era isso que acontecia na casa da minha mãe. As manhãs são as mesmas, com a diferença do tédio e da solidão (que eu achava os culpados de tudo... quem dera!). Fico ranzinza e mole e melancólica a ponto de – não havendo outro remédio – tentarem me ignorar. Se ao menos eu conseguisse escrever... – isso antes me libertava, agora parece o efeito inverso: me prende... aquela merda de livro!
Nada mais me desperta muita vontade. É isso.

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