sábado, 17 de abril de 2010

Qual a sua religião

Eu noto nas pessoas uma completa falta de capacidade de viver sem uma religião. Algumas simplesmente assumem: eu tenho fé porque preciso dela. Quando é assim eu acho ótimo, afinal pior cego é aquele que não quer ver.
Aqui em Brasília existe uma ceita religiosa na Unb (e eu aposto que é assim na maioria das universidades). O engraçado é que outro dia eles riam e se desfaziam dos “pobres coitados dos teístas”, assim como alguns evangélicos ririam e se desfariam de uma pessoa da umbanda. Tão sem autocrítica, não eram capazes de perceber o quanto são religiosos que se declaram sem religião. A religião deles é basicamente essa e vocês verão que não difere muito das demais: eles acreditam que um dia, uma porção de pessoas iluminadas – que sigam suas regras e sejam como eles, naturalmente –, conseguirão alcançar o paraíso: o mundo ideal. O mundo ideal, obviamente, seria comunista ou anarquista, todos seriam marginais (mulheres, negros, glbtts etc.), todos usariam entorpecentes pra enxergar a “verdadeira realidade” (entoando mantras) e tudo seria rodeado por uma arte que afirmasse só essa verdadeira realidade e esses marginais, afinal os demais são pessoas não-iluminadas que não merecem o céu. Alguns ainda adicionariam: ninguém comeria nem animais, nem derivados de animais. Alguns ainda chamariam a religião de O Coletivo e os não-iluminados mundanos de reacionários. Enfim, na falta de religião, essas pessoas vivem de política 24h por dia.
Eu não estou aqui falando que as pessoas não podem ter ideais, obviamente, porque todo mundo tem o seu. O problema é quando, na falta de capacidade de escolher seus próprios ideais, a pessoa adquire um combo do professor adolescente eterno mais próximo de você, o que forma, aí sim, uma verdadeira religião. Você não escolhe gostar ou desgostar das coisas, você gosta e desgosta do que a religião permite que você goste ou não. Afinal, pessoas imaturas não conseguem viver por si só, precisam de limites paternais eternos (afinal os líderes religiosos não se chamam de padre, madre, pastor por esses motivos?).
Eu imagino que já tenha falado disso aqui antes, mas eu queria desabafar um pouco mais. Eu estou cansada de conviver com religiosos fanáticos que tornam sua crença uma lei. Viver com família religiosa fanática me pôs horror a qualquer limitação, inclusive aquelas chamadas de libertárias.
E o pior é que eu tenho ideais parecidos, mas essas pessoas me desgostam tanto que dá vontade de achar o oposto. Mas, como eu não sou adolescente, não vou agir só pra ser do contra – isso é coisa que esse tipo de gente faz. Mesmo porque o oposto também é outro tipo de religião aprisionante. Assim como não foi por causa da minha mãe e do resto que eu deixei de achar que cristianismo tem seu lado positivo, tudo tem. Mas as pessoas, infelizmente, as “mais-iluminadas”, ainda acreditam que existe um Bem maior, um Mal maior pra combater e por aí vai. Vai ver foi excesso de tv.

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