segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sobre intimismo e não gostar de museus

As pessoas inferem muitas coisas sobre mim, provavelmente por eu ter cabelo colorido, por me vestir diferente. Elas mal sabem o quanto eu sou o que elas diriam “o mais quadrada possível”... Creio que é até o ponto positivo do meu visual.
Eu nunca usei drogas de verdade, eu nunca sequer fiquei bêbada de verdade, não dei vexame, não saí com os amigos pra balada e voltei tarde da noite, nunca traí, nunca fiz sexo casual de verdade.
Eu tento ser franca comigo mesma, e é só. Eu gosto, eu faço, eu me identifico, eu estou no humor e é isso. As pessoas são muito presas em padrões, em certos ou errados, em assumir ou negar determinado estilo de vida. Nenhum dos dois extremos me parece o mais adequado – nem o caminho do meio. Acho que o caminho é buscar seguir sua vontade, apenas.
Eu não me drogo, nem bebo demais porque sou deprimida, não quero desenvolver nenhum vício, gosto de fazer as coisas porque quero. Eu não gosto de socializar demais, tudo tem um limite, sair um pouco com os amigos, no dia seguinte ficar em casa procrastinando e dormindo. Também não gosto de clausura. Eu sou tímida, não gosto de me relacionar com estranhos. Odeio como sinto vergonha de fazer algo errado, da pressão, de ir ao banheiro e fazer xixi do jeito mais silencioso porque não me sinto à vontade com o outro, vai que ele vê que eu excreto, enfim... É idiota, mas é verdade. Adoro a intimidade, de me sentir à vontade, de não ter que impressionar ninguém. De poder ficar em silêncio sem me sentir desconfortável. É assim que me sinto livre. É assim que aproveito meus momentos, mesmo que seja “comum” não quer dizer que não é prazeroso (pelo menos pra mim).
Também não fico chocada. Não sou puritana, não sou exatamente quadrada (por isso acho justas minhas aspas). Claro, não entendo como alguém se sinta à vontade pra ficar com estranhos todas as noites – talvez não sejam tão tímidos, talvez não excretem. Mas entendo perfeitamente que esse não passa do meu ponto de vista. Não acho nada demais que as pessoas queiram viver livres (embora meu conceito de liberdade seja exatamente o contrário). Não acho errado nada no que se refere a escolhas (a não ser que machuquem). Acho completamente válido os mais variados tipos de relacionamento, vidas, vícios, virtudes, enfim. Acho na verdade muito mais fácil de entender os avessos, do que os que não são, como eu. Às vezes eu sinto que todo mundo espera de mim que seja avessa. Todo mundo acha divertido e eu não acho errado, então por que não? Só porque não quero.
Eu sou mais fechada do que pareço por fora. Acho que pintar meu cabelo e me vestir é a coisa mais selvagem que faço, mais desembaraçada – e eu gosto disso. Acho que é a única coisa que mostra que eu não sou afeita ao comum. Minhas escolhas não se gerem por isso.
Ontem eu notei que – por mais divertido e bonito que seja – eu não gosto muito de museus, nem de encontros com artistas, nem de saraus, nem de nada. Meu senso artístico se criou (e morreu...) na literatura. Gosto de fruir sozinha, sem ninguém me observando. Como eu disse, sou chegada a intimismos e sexo por amor. Museu, sarau etc. é a bacanal do prazer artístico, todos se vendo, todos mostrando. Não censuro quem ame – pelo contrário! Eu é que me censuro (por não entender o livre como os outros, nunca me entendi por ser tão “correta”(?)). Mas não consigo ser de outro jeito. E, depois, reparo que não está errado nem correto, achar que tem de se fazer as coisas pra mostrar que é legal e descolado como em uma high school, isso sim é reprovável. Gosto de ler, de ver filmes e ficar feliz com isso, como um prazer meu, sem grandes exibicionismos. Meu exibicionismo máximo sou eu por fora. O oposto do meu eu por dentro. No final eu gosto de contrastes, de enganar as pessoas, de desfazer os estereótipos.